quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Gaivotazinha

Gaivota, ò Gaivotazinha, diz-me onde estás. Daqui fala o Sargento Fonseca
Respondia o Comte (Aviador da Marinha) Manuel Rodrigues. Vou a Caminho
O Comandante Manuel Rodrigues que tinha sido Comandante da Aviação quando esta estava integrada na Marinha, quando se deu a separação, ele decidiu-se por passar à disponibilidade.
Estava em Moçambique e problemas de indole pessoal, levaram-no de novo a pedir o reingresso na Briosa, foi para Metangula e aí Pilotava a Avioneta, que tinha por Missão vir buscar o correio a Vila Cabral, mas dada a audácia do Comte, muitas vezes foi utilizada em transportes de Feridos, Doentes e propaganda psicológica, a tal fotografia do Chinisi muito Gordo, como a convencer os negros que eles comiam tudo e nós os Portugueses magrinhos, naquela de que eramos uns caras porreiros, que partilhavamos ermanamente.
Agora pensem!...
Eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada.
Mas nesta da Gaivota vai gaivota bem.
Não resisto a contar mais esta.
Tinha ído voluntariamente para me safar de uma promessa de casamento, que o meu Pai teria aconselhado e eu não me apercebi e terei dito que sim. No dia combinado lá me avisaram que haveria caldeirada para acertar o dia do casamento, não me fiz rogado e fui dizendo sim.
Chegado à Base Naval e na hora do Almoço falei a cena para outros filhos da Escola, sorte, porque mais dois ( um de Espinho, outro Alentejano) também procuravam maneira de se safarem. falavamos alto e eis que entra na conversa um Marinheiro Fogueiro, que conhecia aquilo lá por o Grupo dois, e logo se disponibilizou a irmos lá a ver o que se podia arranjar, sorte que foi-nos dito que em Fevereiro poderiamos ir para Moçambique, seria para terra e como tal a Comissão duraria quatro anos, sem pestenejar prontamente dissemos sim.
No mês de Fevereiro lá embarcamos, chegado a Angola, a uma malada de cartas. Resposta única e seca filha desculpa passado mas eu casar não caso.
Chegado a Lourenço Marques a mesma cena, a mesma resposta.
Chegado ao Niassa uma carta do meu Pai que lhe tinha dado uma trombose e se encontrava no hospital de Espinho.
Filho se não casares eu morro. Talvez porque ele não tivesse quem lhe levasse a carta, a mesmo atrazou.
Recebida no Niassa respondi .
Pai morra quando quizer que eu casar não caso.
Meti-a no correio a Gaivota transporta-a para Vila Cabral.
Quando a Gaivota regressa passado umas horas a Metangula, uma nova carta do meu Pai que diz.
Filho já deixei o Hospital e estou muito melhor.
O Filho da escola e da minha terra que tudo fez para eu não enviar a carta e disse-lhe estás a ver Abilio como eu conheço bem o meu Pai, ora lê a carta.
A resposta dele logo que leu.
É verdade está muito melhor.
O Farol da Torre que o controle regula
Um radarista na Torre de Control de controle, destronando o Sargento telegrafista Fonseca
Não, apenas coincidências da vida.

1 comentário:

Anónimo disse...

Com esta estória foi rir até às lagrimas...Eu ainda contactei diversas vezes com a "gaivota" e com a torre, eu era telegrafista do DFE3 em P Amélia. e lembro-me do nome deste Sarg Fonseca de que falas.
Mas afinal casaste ou não ?...foste casando.. Feliz Natal
Um ex Mar CEFZE 251270, Bento