terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Terra Boa = Semente Fraca

Como é possivel isto acontecer no nosso Portugal ?!... Retrato de um ex-combatente
Será que só acontece com gente do meu País
Certo que os exemplos de outros tempos, nos levam a concluír que o que acontece nos dias de hoje é apenas e só a continuidade daquilo que em tempo algum deveria ter acontecido. Osverdadeiros servidores da Pátria, lançados ao abandono.
Não sou analista e nem o poderia ser, já que o assunto me toca profundamente.
Não excluo até a hipótese, de que foi benéfico dar-se a conhecer o que se passa com gente que no florescer da sua Juventude foi mandado para uma dita Guerra que apenas e só servia para sustentáculo de determinada hélite.
Estava arrasado pelo testemunho de um sobrevivente do maior desastre mortifero, (da forma desumana como foram tratados ocorrido) com tropas portuguesas, quando uma horas depois, deparo com uma reportagem no canal um da R.T.P., falando e apresentando os sem abrigo, apercebi-me então que se tratava de ex-Combatentes da Guerra do Ultramar.
Não me foi possivel ouvir muito da reportagem, pois aquilo que ía conseguindo ouvir perturbava-me, e entristecia-me, ao ponto de ter de me ausentar e voltar quando me sentia melhor.
Deu para perceber que os entrevistados sentiam profundamente os traumas da guerra, ao que também apercebi, totalmente lançados quase totalmente ao abandono.
Vou procurar voltar as vezes que forem necessárias até que consiga ouvir e ver toda a reportagem.
Estamos prestes a findar o ano de 2009 e a entrar no de 2010, seria justissimo, que quem dirigi os destinos deste país dedicasse um minímo de atênção e observação, para o grave problema que afecta a quase totalidade dos ex-combatentes, que parassem de continuar a cortar nos poucos ou quase nenhuns direitos que eles têm. Não é gente que cometeu nenhum crime, são valentes e honestos servidores da Pátria.
Não é com os míseros euros (e mesmo nestes continuando a cortar) que resolvem os seus gravissimos problemas.
Foram homens muitos deles, que em situações quase dramáticas ali viveram dois anos.
Até aqui, quando pessoas com responsabilidades, são obrigadas a abordarem este tema, apetece dizer:
Que bem prega Frei Tomás!::::
Um outro dos muitos outros, totalmente abandonados
Quantas recordações estarão neste olhar

8 comentários:

Anónimo disse...

Os heróis deste País, aquando da guerra ultramarina, são os que tiveram paisinhos com possibilidades económicas para fugirem duma guerra incomodativa e não privar o menino de viver a sua juventude a pretexto de continuar os estudos num qualquer outro País, virando as costas, covardemente ao País onde nasceu e cresceu até chegar o momento de servir a sua Pátria, provavelmente carne para canhão, tal como nos aconteceu e aos companheiros ou camaradas que a televisão filmou e vá lá, teve a coragem de mostrar -os acima visionados. Mas para além destes heróis havia também os meninos protegidos que só iriam e foram para a guerra de cidade ou de secretaria, como constatamos, que até, pasme-se, já ouvimos da boca de alguns que ali estiveram, no Ultramar claro, que não havia guerra pois nunca deram nem ouviram sequer um tiro. Os não protegidos e sem possibilidades económicas dos pais,pois não tinham paisinhos, patrióticos ou não, estava lida a cartilha como nos aconteceu e a muitos milhares, incluindo os camaradas acima indicados, rápido e com força para o açougue.
Sim, os verdadeiros HERÓIS, esses são aqueles que vimos na televisão abandonados e espoliados por alguns daqueles herois que só regressaram ao País de origem após o 25 de Abril e alguns entrevistados num tal programa de segundas feiras e outros que à custa deles- carne para canhão, que não foram entrevistados,- fazem filmes que nada correspondem à realidade factual do teatro real de uma guerra também por nós vivida, "in loco" que até nos enxovalham, diziamos dos camaradas deste evento que foram carne para canhão- do direito a uma vida digna (hoje) e a uma juventude própria da idade de então, quando foram chamados ás fileiras militares para servir a Pátria que os viu nascer.
Por onde andas ser humano !...
Um abraço solidário, as minhas desculpas pela sociedade que temos e melhor 2010.
POR ONDE ANDAS SER HUMANO!...

Anónimo disse...

É este o espelho que a guerra nos deixa ver; Srs governantes por favor não esqueçam os que combateram pela nossa bandeira,Sabemos que nenhum dos nossos governantes lá andou a combater, mas por favor leiam o que se passou na guerra e não virem as costas aos Combatentes.

Valdemar Marinheiro disse...

Não tenho por hábito responder a anónimos. É um questão fundo, de no qual sou rigoroso e imponho a mim próprio, e que só em casos extremos o faço. Mas não podia ficar ficar indiferente e dizer o que me ficou na alma, depois de ler o seu comentário.Fazer mudar as coisas depende de todos nós e de cada um. Se nada fizermos, as gerações futuras não nos irão perdoar. Quando esta geração dos anos quarenta e cinquenta desaparecer e se não deixar aos vindouros as graves injustiças,e caminhos a seguir, então seguramente as coisas vão piorar sempre e para os mesmos. Amigo/a, o que acima acabo de publicar, seguramente não é nada melhor. Sinto-me feliz, porque hoje já mais de cem visitas visitaram este Blogge, que não é meu mas de todos aqueles que neles se reveêm. Não sou dono de nada, porque no meu dia a dia partilho, aceito criticas para poder melhorar. Um Abarço ou Beijos e Obrigado/a. Um dois mil e dez de luta audaz, para ajudar a que as coisas parem de piorar.

Valdemar disse...

Embora com muitos mais anos de estrangeiro do que de Portugal, só há uma bandeira/cultura com a qual me identifico... Como tal não poderia ficar indiferente ao que escreveste... Não sendo por acaso que somos originários de um país "Que teve a Honra de Dar Novos Mundos ao Mundo mas Nunca Nada aos Portugueses!"... Mesmo na época áurea da nossa História, Portugal nunca foi bom para "a arraia-miúda" (termo este inventado nessa altura)... Tendo a maioria dos nossos marinheiros optado por ficar nos lugares que iam descobrindo (ao invés dos ingleses/holandeses) do que regressar "à santa terrinha"... Exemplos estes bem patentes em lugares como Malaca/Korlai/Batticaloa onde os chamados "casados" preferiram passar o resto da vida á sombra da bananeira com a nova família do que regressar à vida de escravo e aturar "os mangas de alpaca" em Portugal... Infelizmente para nós, a História voltou-se a repetir nos anos 60's, só que em vez de por lá ficarmos casados foi "a debandada geral para a estranja", o desprezo completo para quem serviu Portugal, os comentários imbecis, as cunhas/padrinhos e agora ainda o descaramento do M. Defesa Nacional me oferecer uma reforma/anual que mal daria para uma bica dia-sim dia-não-não... Acredito que para muitos de nós isto é como fosse "The Twilight Zone"... Um dia a História há-de julgar igualmente "a arraia-miúda" do nosso tempo e da qual fizémos parte!... Até lá as nossas Instituições só estão à espera que não fáçamos muito barulho e que o último de nós encerre o já (para os letrados) chato dossier da Guerra do Ultramar!
Valdemar

Valdemar disse...

Todos juntos (os descomprometidos), temos a responsabilidade de deixar à nossa actual juventude, e esta aos vindouros o nosso testemunho de que não apenas serviamos de carne para canhão, mas tambem eramos dotados de grande capacidade e memória para lhes deixar um legado que lhes aponta o rumo da partilha que seguramente contribuirá para um mundo muito melhor.Temos obrigação de lhes lembrar o passado, para servir de ensinamento no presente, e melhor ser preparado o futuro. Mas se recuarmos aos nossos antepassados,verificamos que tudo o que saqueavamos os ópios etc. Os Viking´s e os Piratas Holandeses, apenas e só nos deixavam passar com um minímo que desse para sobreviverem em míseras condições. Por isso os Holandeses cedo deram a Independência às suas ex-colónias, o mesmo que Belgas, Ingleses, Franceses etc. A nós deixaram -nos estar lá, porque precisam de vender as rações de combate etc. etc. Percebe-se.
Hoje esta caixinhas em que muitos de nós temos acesso e podemos e temos obrigação de acordar mentes adormecidas e fazermos ver aos nossos governantes a necessidade de melhorar e que o que prudozimos tem de ser de todos e não apenas de alguns. E que numa sociedade de bem, os parasitas e estes não tem classes, terão de cumprir as regras e leis como todos os outros. Aqueles que cumprem com tudo e nada recebem em troca. Percebe-se. Um bom dois mil e dez.Citar exemplos não é a melhor forma de ilucidar. Mas a única.

agostinho rocha disse...

Li os vários comentários, alguns de pessoas que talvez não foram à guerra, mas o qoe me impressiona positivamente, é que se nota um acordar deste povo para os dramas daqueles que quase tudo deram por um país, mas que hoje "vegetam" por aí, sobrevivendo de restos. Meus srs. estes foram os que mais sentiram uma guerra, estes foram os que nunca tiveram cunhas, estes são o povo.Tambám lá estive, mas melhor ou pior vou lembrando e vivendo o dia a dia.Mas a maior vergonha deste País é ter deixado semeados pelo capim aqueles que deram o dom supremo da vida.

Anónimo disse...

A guerra não foi igual para todos!Sempre houve as patentes, ser general não é o mesmo que ser do maralhal!estar em Luanda, Nova Lisboa, Bissau ou Lourenço Marques, não é o mesmo que viver em 1962 até 1965 por terras do Lufico, Baca, Bessa Monteiro ou Quibumbe,uma guarda à porta de armas numa cidade, não é, não foi igual a um reforço numa torre de vigia montada em quatro árvores a cinco metros de altura cercada de arame farpado com a mata e o capim encostadas, uma visita pela cidade ou pela vila, não foi o mesmo que uma operação na mata sanga!um refeitório não foi o mesmo que a marmita de lata e o garfo de ferro, uma refeição quente não foi o mesmo que as semanas a ração de reserva e era quando havia! passear na cidade não foi o mesmo que caminhar no capim do Quibumbe, na mata do Qunquelo ou pelo Quidilo, sofrer uma emboscada na zona de Bessa Monteiro, não foi iqual a um passeio pela Ilha de Luanda!ouvir o toque do silêncio, não foi a mesma coisa que ouvir as rajadas da metralhadora o rebentar de uma mina ou o explodir das granadas do morteiro, hoje há apenas antigos combatentes. 1º cabo nº 181/62

Valdemar Marinheiro disse...

Será seguramente com a força dos testemunhos e dos relatos daqueles que no teatro de guerra e no campo das operações, podem obrigar aque mais tarde ou mais cedo, seja resposta a verdade inquestionável de que houve uma guerra de guerrilhas e irão vencer aqueles que a todo o custo, muitos deles sem nunca lá ter passado, que opinam na tentativa clara de conseguirem desvirtuar e enterrar um passado de sofrimento, sangue, mutilação e morte. A verdade é como o azeite. Virá mais tarde ou mais cedo sempre ao de cima.