Sabe-se que o Rio não é rancoroso, não se vinga mesmo que se trate de amigos que ele viu nascer, acompanhou e ajudou a crescer, sendo mesmo o principal suporte da sua sobrevivência alimentar.
Durante muitos anos o Tarim, não só teve o Douro como companhia diária, como pescou nele e ainda muito jovem esteve quase a afogar-se.
Mas havia sempre uma mão amiga a ajudar e a evitar uma tragédia.
Era para nós crianças: aliciante o desafiar o rio, "nesse tempo de fortes correntes", para as nossas idades e em vez de andarmos a nadar pelos sítios baixos, procurava-mos os pontos mais fundos.
Houve naquele tempo apenas uma só pessoa que se afogou.
O Tarim à cerca de 46 anos que não navegava nem fazia uma pescaria rio abaixo.
Hoje tive a honra de ele me acompanhar a convite meu ,para uma pescaria, certo que pedi ao nosso Rio que fosse generoso para com ele.
Disse-lhe que bem sabia que ele sabia perdoar.
Fui atendido.
O nosso antigo pescador voltou a recordar outros bons velhos tempos como aquele em que ele ainda muito pequenino me dizia: Ó Rar rema pra terra Rar, que o barco avai ao tundo. "Sim Tundo e não fundo".
O Nosso Rio presenteou-o com uns muges, uma carpa, uns Perca Lúcios e um Barbo.
O nosso António Ferreira ficou radiante e com a certeza de que o seu/nosso Rio tem um coração enormíssimo e com muito amor para dar.
Ele sentiu-o e recebeu essa mensagem.
Coversas com um Rio com um Irmão por companhia.
O Tarim é o meu Irmão mais novo e apenas se lhe segue uma cachopa a nossa Ternina.
Quem tem um Rio assim só lhe poderá querer muito e saber que só poderia mesmo ter nascido ali.
Obrigado meu Rio.
5 comentários:
Amigo e conterrâneo:
O teu e meu rio só tem um nome e chama-se Douro! Sei que navegaste, que pescaste e que nadaste dentro dele vezes sem conta, enquanto muito poucas vezes o fiz... Era mais assíduo dos areais de ambas as margens e junto dele conheci momentos inolvidáveis que me ajudaram a tornar num ser mais humano e solidário... Foi bem perto deste nosso rio Douro que aprendi a conhecer o único povo estranho, porque apenas pelos livros da primária tinha conhecimento de que haveria outros povos! Estou a referir-me aos ciganos, um povo nómada e que nos habituamos a ver frequentar nas duas margens do rio e é curioso que nunca vi um cigano a pescar!...
O ano de referência será o ano de 1950 e de então para cá tanta coisa se passou Valdemar! Ganhamos por ali grandes amizades que perduram para sempre dentro de nós... Infelizmente, caminhamos em diferentes direcções e deixámos de nos ver há mais de quarenta anos... Já tenho tido oportunidade de saber onde moram esses bons amigos, saber os seus contactos, mas prefiro não o fazer... Alguns estarão para a região do grande Porto, outros em Famalicão, S. Tirso e por aí, mas optei por não dar um passo e deixar que tudo acabe como está: EM MEMÓRIA!
Ea única razão é somente esta Valdemar: Tenho receio, quase medo, de ir encontrar esses grandes amigos de infância completamente modificados e não iria "aguentar" tâo tenebrosa mudança... Até podia nem ser assim, mas já vi contar tanta coisa que é melhor não arriscar...
Só de pensar que temos um amigo de infância bem perto de nós e que tem as mesmas raízes, que visitei há mais de um ano e a quem deixei os meus contactos... Nunca mais deu sinal e corro o risco de um dia qualquer vir a encontrá-lo numa qualquer bomba de combustível cá do burgo e claro que o cumprimentarei como mandam as boas regras, que posso fazer mais?!...
Acho que ao virares para o nosso rio a tua atenção sinto que estás certo, sinto que não vais ficar defraudado, bem pelo contrário, porque dali a resposta que recebes é a mesma de há sessenta anos atrás... Do rio não recebes um olhar esguio e desconfiado, uma qualquer traição, tens sempre a mesma recepção e terás de ter os mesmos cuidados de sempre...
Foi um grande prazer conversar contigo e acerca do nosso rio Douro! Ele une-nos muito mais do que possamos pensar!
Um abraço longo e largo como se viesse do NOSSO RIO!
Boa tarde amigo Valdemar.
Tens amor ao Rio Douro, que um dia te viu nascer?
Rio Douro generoso,
Valdemer, marinheiro
De valor precioso
Teu amigo verdadeiro.
Se ele te viu nascer?
Nunca te esquecerá
Não o deixes poluir
Quem o fizer castIgado será?
Desejo-te um domingo bem passado
Na companhia de quem mais desejares
Por todos os amigos serás lembrado
Se puderes afasta-de dos azares.
Um abraço,
Eduardo.
Boa pescaria, para o Mano, e a tua? não me digas que ficastes em branco? ou foi uma coisa em grande e estás com medo que o Pessoal se faça convidado para ajudar no petisco?
Queria deixar aqui um abraço ao Amigo Piko, pois este seu comentário também mexeu comigo.
um abraço
Virgilio
O Douro nunca te deixa ficar mal!
A todos o nosso muito obrigado pelos vossos preeciosos comentários.Eu, o Tarim e o Rio Douro.
Quanto ao último com a foto é verdade que agora no Verão aparece muito bom material e que eu sou presenteado da Janela da minha sala.
Estas frutas são sempre frutas de admirar em todos os tempos. Agora vamos partir para uma de Mar.
A todos aquele abraço
.Valdemar Ferreira M.arinheiro
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