segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Carta aos Filhos da Escola!

" O Tintinaine" e "O Alquimista"

Amor de marinheiro - Um desejo

Se àguas do Niassa guardasse
Mas que o mar me o trouxesse
Que os golfinhos o ondulasse
E para que o Douro m'o desse

Com todo o amor:
Filhos da Escola Carlos e Manuel, quero reconhecer publicamente a minha gratidão, mesmo que também eu, esteja contaminado pelo mesmo vírus e que seguramente o tenha apanhado, tal como vós, e me honra, na sã camaradagem, apanágio daquilo que nos transmitiram, de ensinamentos legados por aqueles a quem fomos substituir, marinheiros dos sete costados da nossa querida Armada.
A chamada Guerra que se alimentou entre 1961 e 1974, não uma guerra de Guerrilha daquelas de ódio, sangue e morte, que em nome de liberdade de um povo, substituindo-se a esse dito povo que só existe no imaginário deles, mas que serve e desculpa para que morram diáriamente ás dezenas e centenas, e deixem mutilados milhares e porque não milhões, sempre com a presença o comando com as suas tropas aos milhares, vindas do reino do Tio Sam (Americano) e seus discípulos (os ditos Aliados), Inglaterra etc. etc.
Conheci e vivi a guerra por dentro, convivi com as populações e guerrilheiros, antes e depois da Independência. Li e apercebi-me do Teatro da Guerra e os fins que ela servia (apenas e só os interesses para sustentáculo do regime do Estado Novo, Grupos Mellos, Champalimauds, Jardins etc. assim como ao Apartheid Sul- Africano, que pagava a vassalagem ao Regime de Salazar e seus amigos, com o envio de latas de Bacalhau, fruta também ela enlatada, etc. Foram quatro anos que estive nos Serviços de Informações e no Estado Maior, sei que apenas e só de um ou outro lado, em casos extremos atiravam a matar, como se diz na gíria.

Escolinhas:
Devo-vos esta, que sirva para vos poder dar a conhecer o orgulho de poder desfrutar de vós, registando a forma desinteressada como vos prontificastes a ministrar-me a vossa sabedoria , para que eu possa desenvolver e usar toda esta vossa sabedoria e que dela desfrute quem lê os vossos/nossos Blogues e tudo o que lá escrevemos. E vós, com aquele militarismo que muito bem nos obriga a cumprir, mesmo que reconheça, não ser um cumpridor exemplar, esforço-me por dar a resposta a que eu não me deixe adormecer e adiar sucessivamente, com aquela do "Não faço hoje, faço amanhã", sabendo que o ontem apenas serve para recordar e o amanhã que nunca chegará, será sempre no hoje que teremos de desenvolver o trabalho, porque nos ensinaram que apenas existe um só dia para as boas e más decisões, a que chamamos de hora H (de hoje). Obrigado, professores.

Ligados pela Guerra:
Não fora isto e muito provavelmente independentemente do nosso Voluntariado, nunca teríamos servido a nossa Aramada, pois se de entre muitos fomos seleccionados, o que seria se a Marinha fosse muito mais reduzida e o número dos seus elementos (Marinheiros).
Eu, o Manuel e o Luís, estivemos lá ao mesmo tempo, ao passo que o Carlos esteve antes, mas o amor é só um (Único) e foi esse e é esse Amor e o termos estado em anos e locais diferentes, que nos permite fazer relatos de vários anos. Não esquecendo que disponho de fotografias que logo que me seja possivel aqui as vou meter, assim como os seus testemunhos. Se tudo se mantiver normal, esta quinta feira vou conhecer o Carlos pessoalmente,e vou entregar-lhe algumas para digitalizar e meter alguns testemunhos dos companheiros do Exército que lá estiveram e que nutrem, tal como nós, um sentimento ímpar por esta grande ex-grande colónia, hoje uma nação. Nação que seguramente, com o tempo, virá a desenvolver-se, porque dispõe de uma riqueza no seu solo e subsolo, que lhe permitirá livrar-se dos interesses capitalistas estrangeiros. E que este seu povo tão sacrificado e sem culpa, tenha direito a desfrutar da riqueza que na sua terra existe e que os Sanguessugas sempre comeram.

Sabedoria popular:
Ela dá-nos este guião, "Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer". Sabedoria que não nos trai, depende de nós se a compreendermos, ou mesmo se a quisermos aceitar e seguir. Só a seguindo pode quem tem a paixão de partilhar, dando a conhecer as experiências acumuladas, já que o idoso, em regra, dispõe de um grande armazenamento, também sabemos que o passado nos ajuda no presente e é um bom conselheiro para preparar-se o futuro.
Muitas vezes acabados de nos deitar pelas altas horas entrados na Madrugada, toca a combate e num ápice damos por nós a ligar a caixinha e é impressionante que normalmente nunca desenvolvemos o tema que nos levou a levantar tão rapidinho e passar o descanso para outro plano de menor emergência.
Não vos estou a dar novidade nenhuma , mas é verdade, que me levantei para escrever um artigo para os Jornais de um encontro (Colóquio de Alcoolismo no qual e mais uma vez a minha cara metade, que insistentemente me chama de machista) queridos amigos deu por mim a choramingar, e não fiquei indiferente perante um testemunho de uma doente que não consegue parar e sofre horrivelmente, porque em tempo de alguma lucidez se apercebe que a jóia mais importante que teve e tem, e que a abandonaram, a familia. Chorei, porque primeiro não comungo daquela ideia de que o homem que é homem não chora. Eu faço-o muita vez em público por sentimento e isso enche-me de felicidade.

Inspiração:
Não depende de nós controlá-la nem resulta tentar provocá-la, porque ela não cede a chantagem, para que possamos dispor dela e controlá-la , marcando-lhe as horas a que teria de aparecer.
Normalmente ela aparece e dá-nos um tempo limitado, exemplos como a sorte etc. Se aproveitamos a sua presença dispomos do tempo que queremos, se o não fazemos pode nunca mais voltar a trazer-nos essa lembrança (no caso maravilhosa) à memória.
Certo que normalmente nunca tratamos do assunto, nos leva a levantar num àpice, mesmo que nos tenhamos deitado há uma ou duas horas. Um exemplo - eram quatro da manhã quando me deitei e eram seis e dez estava a saltar do aconchego. Vinha para escrever e desenvolver um tema que era referente ao alcoolismo, acabei por escrever esta carta, há muito devida, e que, seguramente,vou recordar sempre que abra este Blogue.
É uma mensagem importantissima para mim esta que finalmente me inspirei e vos dou a conhecer, porque esta é a minha simples mas sentida homenagem a todos quantos passamos por lá e ao Povo desse agora País, na sua grande maioria com muito maior sofrimento que eu.
Vou terminar com o sentido do Dever cumprido e felicíssimo por ter partilhado com todos vós estes minutos maravilhosos.
Vós sois uns Amores.
Bem hajam.

3 comentários:

Valdemar Marinheiro disse...

Li e reli, mas o temo urge, pretendo que o Carlos ao acordar tenha esta agradável surpresa e que me desculpe as letras mal metidas , masdepois corrijo, agora não e com todo o amor recebe seta mensagem pelas sete e vinte da manhã mas que comecei ás seis e e tal. Extensiva a todos os que lerem e o meu reconhecimento.

Tintinaine disse...

Como dizes acima, «Cedo deitar e cedo erguer, dá saúde e faz crescer».
O que te fez estar acordado até esta hora?
Precisas do sossego da madrugada para te aparecer a tua Musa inspiradora?
Quando se escreve com a alma, quando pomos sentimento naquilo que escrevemos, sai sempre bem.
Continua a escrever que nós apreciamos e cá estamos para ler e comentar.
Um abraço

Tintinaine disse...

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