quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Para Ti João M´Ponda!


Talvez nunca chegues a ter conhecimento que te escrevi esta mensagem, mas para que fique gravado nas memórias e se no presente és uma referência, no futuro podes ser um exemplo, talvez quem sabe se um Niassense com quem mantenho contacto,e que actuamente se encontra na Universidade de Lourenço Marques (sempre assim a trataremos a Capital, não por saudosismo, mas pela imagem que nos transmite), como te foi possivel falar com o nosso amigo comum José Luis Torres e lhe perguntares se tinha sido militar na base da Marinha em Metangula.
Recordo-me de ti, quando aí cheguei em 1968 eras uma pessoa amável, conheci outros como tu, porque com vós estabeleci uma óptima relação, porque era encarregado da piscina, e às sextas -feiras levava comigo uns tantos para a limpeza da Piscina. Não te posicionavas ao lado da Frelimo, nunca te perguntei, mesmo porque isso não era uma coisa importante para mim.
Como sabes amigo, vós os empregados na Marinha apesar das enormes dificuldades porque passavas, em relacção aos outros, inclusivé os que trabalhavam para o Exército, as vossas condições eram bem melhores (apesar de ser uma ninharia, vós ganhavas 19$00 e a Laurentina grande custava 21$00). Mesmo assim quando faltava uma semana para receber, já alguns me dizerem:
- Chi Patrão, vai istar doente, vai doer Maning meu cabeça.
Compreende-se não é verdade? É evidente que não fiquei feliz. Fiquei, essa é que é a verdade, muito feliz. Fiquei feliz em saber que te recordavas de quando em 1965 eras ordenança da Secretaria de Comando. Que trabalhaste como electrecista na Oficina de Rádio com o Sargento Vieira.
Com saudade recordavas o Cabo Telegrafista e o Marinheiro Bogo da Saturno. Como devoravas a foto onde eu estava e o Caeiro de Barbas que logo identificaste. Os Oficiais com quem trabalhaste e fielmente serviste, caso do Tenente Soares Rodrigues, Tenente Maia, Tenente Camões Godinho, Cerqueira, o José Botelho Leal, de Abril de 1968 até meados de 1969, Chefe do Centro de Comunicações de Metangula Tenente Mendes Cabeçada.
A casa que tu e o Neves construiram e veio a servir como restaurante "A Teia", que o Neves explorava, o qual nós desfrutamos e aí passsamos bocados maravilhosos, os cantos alentejanos. e muito mais, depois de bem comidos e bem bebidos. Só para te dar uma ideia, um belo dia, eu e o Marinheiro mergulhador Delgado chateamo-nos, é evidente ficou por palavras, começamos a beber três Marias e só para aí pela terceira e quando a carga já era grande nos apróximamos e fizemos as pazes . Quando de lá saímos eram seis e meia. O sargento Fonseca que fazia as suas corridas matinais vinha no nosso encalce às voltas e a controlar-nos, para percorrer talvez uns setecentos metros demoramos 45 minutos, isto é até entrar o portão da base, porque ate aterrar na cama não faço a menor ideia.
Tal foi a carga. Não esteve mau. Normalmente não tinha muito tempo, era só depois das tantas, mas também aí bebi bem a minha parte. A melhor sorte do mundo e se algum dia te falarem de nós procura a todo o custo dar notícias. Estarás nos nossos corações.

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