domingo, 22 de novembro de 2009

Pai Natal!

Utilizando a máxima da sabedoria popular: "Não acredito em bruxas, mas que as há, há”. É-me indiferente o que possam pensar e a simbologia a que o ligam. Para mim o Pai Natal, existiu, existe, e continuará a existir. Existe porque Pai Natal que me ensinaram a pedir os meus avós e os meus pais, em especial a minha mãe, era um Pai Natal carinhoso, simpático, apesar das barbas brancas, um Pai Natal envergonhado que queria dar sem ser visto e que descia, noite dentro, pela trapeira (chaminé), indiferente ás asneiras que pudéssemos ter praticado nesse dia de 24 para 25 de Dezembro. Havia absolvição total, era um dia diferente onde o bacalhau, batatas e tronchudas, o azeite novo, as rabanadas e a aletria, nos faziam companhia à mesa. Esta consoada na minha aldeia, perdura na minha memória e não será por acaso que se cumpre rigorosamente, esta tradição vinda dos meus antepassados.

Ainda guardo dentro de mim a tristeza que senti no primeiro Natal passado a navegar no mar do Norte, ao serviço da Aviação a bordo de um navio e, á hora habitual da ceia (o jantar) a substituir a minha caldeirada, veio uma massa guisada, que eu adorava comer no rancho da Porca, mas que naquele dia não passou a goela. O mesmo aconteceu quando depois, muito mais tarde, veio a ceia de Natal. Também não passou a goela, porque nada tinha a ver com a minha ceia, a ceia onde a seguir tinha a agradável surpresa do Pai Nata, cumprindo rigorosamente o tradicionalismo da consoada.

Este tradicionalismo, onde o carinho e o amor dos meus pais, o ajuntamento de meus irmãos e toda a família, era assim com as gentes da minha aldeia e naqueles dias o amor e partilha contaminavam todos. Certo que existia diariamente, mas naquele dia era muito mais forte, porque convinha seduzir o convidado especial, que de dia faria uma aproximação para perceber se deveria ou não vir pela calada da noite.

Acreditei, quero acreditar que este Pai Natal existe em todos nós. Herdaram os meus pais dos meus avós que eram tão pobres em valores materiais que, não fora estes valores morais, teria sido uma herança de pobreza total. Passando de geração em geração, até à minha, quero acreditar neste Pai Natal, que me traz algo muito importante, entrando, ainda hoje, pela trapeira da minha velha casinha, e me conforta com todo o carinho e amor.

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