sábado, 1 de maio de 2010

Marinheiros e Civis Prestaram Honrosa Homenagem


«Na Clivagem do tempo» Públicado em 1973
A Ponte é estreita rapazinho negro. Mas dá para nós os dois lado a lado.
(...)
A Ponte não é estreita. E há-de ligar-nos no futuro
Primeiro Tenente Médico Ramiro Pedroso Correia
Na Companhia de outro Comandante de Abril , Manuel Beirão Martins Guerreiro
Capitão de Abril Membro da Comissão Coordenadora do M.F.A.
         Membro da Comissão Coordenadora da Programa MFA da Marinha, fez parte da Junta de Salvação Nacional a partir de 3 de Maio de 1974 e teve outros desempenhos.
        Perseguido pelo poder emergente do 25 de Novembro, e depois de uns meses durante os quais escreveu " MFA e Luta de Classes".
       Ramiro Correia e a familia seguem para Maputo/Moçambique, onde são colocados (ele e mulher Médicos) no Hospital Central. Como ele próprio disse na altura: «Moçambique aparece-me no horizonte como experiência de Solidariedade Internacional.
     E foi ali, no dia 16 de Agosto de 1977, quando toda a familia passeava na Baía do Bilene, que o Barco se virou e todos morreram excepto o filho mais velho Ramiro Bernardino, que conseguiu nadar para terra.
    No dia 12 de Outubro de 1977 que os corpos de Ramiro, Isabel e Nuno chegam a Lisboa e ficam Câmara ardente na Capela de S. Roque, no Ministério da Marinha, no antigo Arsenal.
     No dia 13 de Outubro, cerca das 17h30m o cortejo fúnebre seguiu a pé direito ao Alto de São João, parando em Alfama que o viu nascer, e por entre uma multidão que engrossava e fundia no mesmo pesar militares e civis, cantava-se « Grândola Vila Morena» « A Portuguesa» e gritava-se «MFA» «MFA» « MFA».
     Só a exemplo: Mário Soares então Primeiro Ministro, não esteve no funeral, mas não faltou no do Cardeal Cerejeira, o companheiro e mentor de Salazar

Não surpreende que Martins Guerreiro tenha dito:-
    «Ramiro Correia deixou-nos uma proposta e uma experiência. Algumas dessas sementes estão já a germinar, e novas plantas crescem no terreno fértil do povo.
Depende de todos nós fazê-las florir.
(Transcrevo com a devida vênia)

Eu estive lá e, acompanhei o Funeral.
Muitos foram inclusivé da Marinha que tentaram boicotar , na tentativa de evitar que os Marinheiros não estivessem presentes no funeral e a exigência para que o  Funeral tivesse aquele percurso e os acompanhantes seguissem a pé.
  Disseram que teria sido o maior funeral já realizado em Lisboa, também como eu, que durante o percurso não me contive e foi uma constante o Choro: ora pela dor das vidas perdidas, mas também pelo sentimento de tantos milhares de pessoas.Era um ambiente pesaros e contagiante.
   Foi em toda a minha vida, a vez que mais senti tanta gente a expressar os seus puros sentimentos.
   Sou dos que acreditam que um dia a história se fará.   

 Nunca é tarde para mudar o rumo, e os desvios a que temos vindo a assistir, não serão suficientes para conseguirem por tempo indeterminado nos desviar da verdadeira rota.  Poderá não estar longe o dia  de voltar a escrever-se páginas de felicidade e paz no livro da vida. 













3 comentários:

lmdoliveira disse...

Não fazia a menor ideia deste episódio da nossa história recente. Como se ousa dizer a revolução come os seus melhores filhos, enquanto os outros filhos os da p. devoram a revolução.

Piko disse...

Este militar do M.F.A. Ramiro Correia foi um dos homens mais generosos no período a seguir ao 25 de Abril!
Não o conheci, infelizmente, mas acompanhei o seu trajecto pelos jornais e pela T.V., as notícias eram unânimes em considerá-lo um homem generoso e um militar comprometido com o programa do M.F.A. e por isso foi para mim uma referência de verticalidade e estranho bastante o "esquecimento" a que todos os anos é votado, pelos militares da época, mas não é de estranhar, porque os militares de Abril que todos os anos fazem a "festa", são sempre os mesmos e que alinharam no golpe do 25 de Novembro, e, se hoje temos a situação que temos, esses senhores não estão isentos de culpa, numa santa aliança que teve o epicentro em Mário S. com os partidos à sua direita, mais os elementos da igreja católica e uma C.I.A. que a exemplo do que havia feito no Chile em 1973, também havia de meter o bedelho nos nossos problemas internos!
A nossa memória não pode atraiçoar-nos, e, é claro, que o Sócrates é uma consequência da política definida a partir daquela data, a que se seguirão outros Sócrates, enquanto a Europa não levar uma grande volta, ou depois de sermos afastados do Euro, se, os que decidem, concluirem, que já só resta muito pouco de interessante para levar daqui...
O militar da marinha Ramiro Correia, foi quanto a mim, aqui muito bem recordado!
Deixou-nos o seu belo exemplo!...
PIKÓ

Anónimo disse...

Como já tinha escrito numa das tuas mensagens, sabia da morte dete Militar da Armada, e do 25 de Abril e que tinha sido num acidente numa antiga colónia, mas ou nunca soube ou a memória já não recorda que tinha sido com mais familiares.
Um abraço
Virgilio Miranda