quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Marinheiro e a Namorada no Bairro Alto. "Deixou de engrilar"


Como fracassou uma boa relacção
A coisa estava a correr às mil maravilhas, apenas um senão porque em três meses e meio, o rapaz já tinha perdido sete quilos. O outro problema eram os ratos que se começavam a amontoar, mas isso até nem era grande problema, porque não dormia lá.
  Estava o rapaz num navio abatido (O Contra-Torpedeiro Vouga), sempre houve a possibilidade de juntar uns cobres com os cobres que se íam tirando do Navio e depois eram vendidos a quem se encarregava de os passar e ir vender ao Sucateiro à Cova da Piedade.
 Tinha uma namorada, que tinha convidado na Leitaria do Augusto, uma trintona que sabia trabalhar na perfeição, melhor ainda porque vivia na Rua da Conceição e como tal a ída ao Bairro apenas e só para a ir buscar quando muito bem apetecesse, até que convinha de quando em vez o fazer a fim de marcar presença.
   (Isto ainda era no tempo em que os artistas tinham respeito uns pelos outros).
     Estavamos num fim de semana e tudo corria pelo melhor, nessa noite, já bem manhã a conta já ía linda e nos preparava-mos para o fecho para depois tomar banho e vir almoçar, mas eis que ela se lembra de fazer uma brincadeira e tira os dois dentes da frente da parte de cima e começa a brincar com aquela cena e então depois começa a contar-me a história de quem tinha feito aquele trabalho.
  Esta história que conta com quarenta e cinco anos. Os dentes postiços muito raramente se usavam.
    Aquela brincadeira, causou em mim uma reacção tão negativa, que jamais consegui superá-la.
    Ainda vivemos mais uns três dias, mas já nunca mais consegui reatar a chama.
    A gaita levou a mal.  
    Bem tentava  esquecer, e reagir, mas não foi mais possivel.
    Foi o final de uma relacção de três meses que tinha tudo para poder continuar, não fosse o trauma sexual que essa brincadeira causou em mim.
    Certamente que já não viverá, mas se acaso ainda viver, o seu nome continuará no segredo dos deuses.

7 comentários:

Observador disse...

Se fosse hoje, não tinhas ficado com esse trauma, inventaram aqueles dentes que são aparafusados no local dos falecidos e parece que ficam como novos, enfim novas tecnologias.
Um abraço
Virgílio

Valdemar disse...

Nossa Senhora da Conceição!... Por acaso a dona dessa casa na Rua da Conceição (na Baixa lisboeta) não era uma senhora que falava pelos cotovelos e como era cega tinha ainda o chamado sexto sentido (?!?)... Se assim for, Valdemar talvez nos tívessemos cruzado nessa escada pombalina onde os degraus rangiam e as paredes não falavam... NALGUMA NOITE DE NEVOEIRO!
Valdemar II

Tintinaine disse...

Numa das fotos publicadas por mim no Blog «Escola de Fuzileiros» aparece uma catraia (bonita) que me fez correr quilómetros atrás dela, até ao dia em que me fez também essa cena de empurrar com a língua os 2 dentes postiços pela boca fora.
Parecia uma cobra a deitar a língua de fora!
Foi um ai que lhe deu, nunca mais me viu!

Valdemar disse...

Por estas e por outras... Vê-se que o Valdemar não era exactamente um Amador vindo de Alguidares-de-Baixo... Conhecedor da Noite Alfacinha topa-se que ERA UM VERDADADEIRO PROFISSIONAL!... Mas como todos os guerreiros "arrumou as botas" ainda a tempo... E AINDA BEM!
Valdemar II

Agostinho Teixeira Verde disse...

E vós, dizeis mal do Godinho!
Coitado deste sucateiro;
Ele não manobrava sozinho
Tinha a ajuda no Poleiro...
No velho Vouga, o Valdemar
Lá ia fanando uns cobres
Que vendidos, sem gratificar
Mitigavam os bolsos pobres
Que, depois no Bairro Alto
Com a Flausina desdentada
Que naquele sobressalto
Acabou ficando em nada
Oh... Marinheiros doutrora
Quem vos vê, quem vos viu!
Compará-los aos de agora
É o orgulho que sumiu...
Quanto ao amigo, Valdemar
Não quis cair no engôdo
Por dois dentes, que azar
Pagou o físico todo...
Que, além dessa fraqueza
Do fortuito desaguisado
Todos se sentam à mesa
Até mesmo o desdentado...
Neste rol de misérias
Se corrermos o mundo todo
Aparecem tantas galdérias
Sem dentes, rindo-se para o povo
Cujo riso é desigual
Que tenhais Bom Ano Novo
O mesmo se tenha passado no Natal...

António Querido disse...

Há coisas que eu não entendo, meus Amigos, mas que ingenuidade a minha!
Então o que vos levava até elas, não era aquela boca toda desdentada? Que diferença fazia a outra,com menos dois dentes?
E se as vizitas fossem à noite nem se dava por isso, meus Malandrecos.
Um bom ANO 2011, com postiços ou sem postiços o que interessa é estarmos cá!

Edum@nes disse...

Valdemar não gostou
De ver os dentes dela
Até a tesão lhe tirou
Sem dentes não era bela.

Naquela hora teve azar
Não gostou da brincadeira
Era a juventude a brincar
Porque seria moça solteira?

Para todos os comentadores
e seus familiares desejo
Feliz Ano Novo
Eduardo.