quarta-feira, 27 de julho de 2011

O Professor e o Aluno


FICHA PREENCHIDA (PARA COPY-PASTE) – AUTO AVALIAÇÃO
Nome do avaliado PROFESSORA

Categoria -
Titular do seu nariz

Departamento Curricular -
Língua Portuguesa  e Literaturas
1. Como avalia o cumprimento do serviço lectivo e dos seus objectivos individuais estabelecidos neste âmbito?
         Avalio com um EXCELENTE. Cá vou vindo todos os dias, como faço há quatro décadas… com a pasta recheada de manuais, livros, dicionários, prontuários, gramáticas, fichas, cadernos, lápis e canetas, uma pen de 4 GB e caneta felpuda para o quadro branco que há nos contentores. Trago a lancheira, uns maços de tabaco, PROZAC  e, às vezes, o PC portátil. E trago uns óculos para ver perto (para longe não uso, apesar das cataratas, sou vaidosa…), trago sempre a cabeça entre as orelhas, mãos, braços, pernas e tudo o mais que me faz falta neste domínio. Excelente.

2. Como avalia o seu trabalho no âmbito da preparação e organização das actividades lectivas? Identifique sumariamente os recursos e instrumentos utilizados e os respectivos objectivos.

         Avalio com um excelente. Utilizo todos os recursos supracitados com grande mestria, inclusive as TIC, PPS, PPT, PDFs, Scribd, Word, Excel, Moodle, blogues, data-show, Dvds, Cds de todos os tamanhos e Bics de todas as cores. Só me falta usar mais o quadro interactivo e comprar um Migalhões para guardar o lanche que trago de casa, pois ainda não sou de ferro e na minha idade preciso alimentar-me de forma mais saudável do que engolir cafés em todos os intervalos.

3. Como avalia a concretização das actividades lectivas e o cumprimento dos objectivos de aprendizagem dos seus alunos? Identifique as principais dificuldades e as estratégias que usou para as superar.

         As actividades lectivas concretizam-se de modo excelente. Entramos e saímos vivos e contentes, apesar da falta de espaço, das obras, da poeira, das salas de aula em contentores, da falta de ar circulante, do amianto em cima das cabeças. E segue o baile. Dos objectivos de aprendizagem dos meus alunos, pois eles que falem! Às vezes doem-me as "cruzes" pois já me custa carregar com a tralha toda já referida, mas os alunos, por enquanto, vão ajudando. Excelente.


4. Como avalia a relação pedagógica que estabeleceu com os seus alunos e o conhecimento que tem de cada um deles?

         Excelente. Apesar de me terem trocado as voltas, de me terem tirado turmas e alunos de continuidade e de me terem dado sessenta e dois novos (ôps… será que foi uma homenagem à minha idade?), para lá dos que já tinha, conhecemo-nos excelentemente. E, quanto à nossa relação, os meus alunos riem-se, muito mais do que choram, à minha beira. E estou certa de que aprendem comigo - ainda há dias, no intervalo, a fumar fora de portas os meus cigarros, uma aluna de doze anos correu para o meu lado e puxou ela também de um cigarro para me acompanhar no gesto. Até esta aprendizagem definida pela ASAE é integralmente cumprida.


5. Como avalia o apoio que prestou à aprendizagem dos seus alunos?
         Excelente, também. E vou tendo sempre clientes nas aulas de reforço, apoio, substituições, salas de estudo... até no jardim em frente à escola a avaliar com os alunos os galhos das árvores que podem aguentar que se trepe, apoiando-os no exercício, ou a tentar apoiar e compreender a linguagem utilizada pelos jovens casais de alunos, sob as mesmas árvores, a exercitar experiências de natureza físico-química aprendidas nas aulas práticas …

6. Como avalia o trabalho que realizou no âmbito da avaliação das aprendizagens dos alunos? Identifique sumariamente os instrumentos que utilizou para essa avaliação e os respectivos objectivos.
         Excelente. Estou sempre de olho neles e de ouvido alerta, memória de elefante e caderno mágico para anotações. Consegui preencher todas as grelhas das turmas do ensino regular e recorrente, conforme a legislação específica que muda a cada semana e que já tenho decorada, preenchi cuidadosamente o PIAV das oito turmas com todas as cruzes e percentagens, os cronogramas e as configurações da avaliação de todas as turmas, produzi planificações, relatórios disto e daquilo, consegui fazer todos os diagnósticos, reflexões e análises do APA, dos NEE, dos AOPES, do PEE, do PAA, de todos os PCP (planos curriculares de turma), do PQP (isto não sei bem o que é, mas preenchi…) conforme descrito nas actas de todos os Conselhos de Turma e reuniões de Departamento, Grupos, Minigrupos, etc. E, mais difícil ainda, consegui distribuí-los por níveis, só quatros e cincos no básico, assim como nas turmas do secundário, dezoitos e dezanoves pois o vinte é pra mim, que o mereço por ter contribuído com eficácia para as estatísticas ministeriais referentes ao sucesso educativo. Excelente.

7. Identifique a evolução dos resultados escolares dos seus alunos. Avalie o seu contributo para a sua melhoria e o cumprimento dos objectivos individuais estabelecidos neste âmbito.

           
Excelente. Este ponto descreverei detalhadamente apenas no final do ano, mas atendendo a que esta escola não costuma ficar bem colocada nos rankings, posso contribuir para essa melhoria e ir dizendo antecipadamente, com alguma alegria, que a maior parte dos alunos do 11º e 12º anos já consegue ler, e quase todos já escrevem frases utilizando a letra maiúscula no início, apesar das enormes dificuldades com a pontuação e a troca dos B pelo V e bice-bersa.
         Apesar de nunca lerem as obras obrigatórias, é notável a ampliação vocabular que revelam devido aos hábitos de aprendizagem adquiridos através dos “Morangos com Açúcar”, obra-prima que pode servir como exemplo de prática inovadora e motivadora, ao invés da leitura de “Os Lusíadas” ou do “Memorial do Convento”, obras impostas pelo M.E. e que são a verdadeira causa dos maus resultados desta escola nos exames. Caso esse factor seja objecto de alteração pelo M.E., posso afirmar desde já que os resultados serão excelentes, assim como eu. Excelente.

2 comentários:

António Querido disse...

PROFESSORA, Excelente trapalhona, e há bastantes!

Observador disse...

Diria que foi escrito por Professor/a, embora seja uma peça que tem algo de humoristica, nota-se o lamento constante quase em cada frase.
«Tornou-se uma marca de fábrica» as lamentações quase generalizadas, o que não me parece que seja a melhor maneira de enfrentar os problemas que são muitos, e nas Escolas são enormes, mas meus Amigos Professores/as, devem deixar os lamentos para aqueles que não têm emprego, e quando o têm não recebem os seus salários, e denuciarem publicamente se for caso disso, o que não está bem, mas ao mesmo tempo serem parte da solução e não parte do problema como tem acontecido quase sempre.
Um abraço
Virgilio