terça-feira, 16 de março de 2010

Reco o Sustento dos Pobres =Parte 1

Tinha de ser bem Governado
Já vinha dos meus Avós

     Era uma preocupação premente quando se matava um porco: logo procurar arranjar dinheiro para  comprar  outro.
     Mas aqui na minha aldeia as coisas complicavam-se, porque até meados de Fevereiro o rio também gostava de consoar e, então não havia dinheiro vindo da pesca. Também normalmente o caudal do Rio andava alto e o trabalho era pouco e os ganhos insuficientes. O que se ganhava na apanha da Carqueija e da Queiró era insignificante, ainda inferior, motivado pelo Inverno.  
     Chegada a pesca; quando ela abundava e, permitia ganhar mais uns cobres, por vezes eram tentados a comprar dois,  mas, o que normalmnete acontecia era que  depois de lhe meter umas arrobas, acabava por ser vendido.
Aqueles que conseguiam comprar o referido animal; e o manter durante o ano, para que quando o frio começasse a apertar, se matar e salgar as suas carnes, isto quando o animal  tivesse um desenvolvimento normal e a dênça não lhe pegasse.
Pois quem não tinha essa possibilidade; as dificuldades eram enormes. Ou então  quando o animal não vingava.
Também em minha casa isso veio a acontecer um ano. Por este motivo foi um ano terrivel.
Um animal com cerca de 10 arrobas (150 kg) adoeceu, "isto é deixou de ir à Pia, como então se dizia".
Muito rápidamente o meu Pai o conseguiu vendê-lo a um talhante de Entre-os Rios e como viviamos a escassos metros do Rio Douro,  transportamo-lo até ao Barco e depois até ao Areio de lá  foi carregado para uma carrinha. Mas o mais caricato é que a partir daí sempre que tinhamos possibilidade de comprar carne "o que diga-se raramente acontecia" era precisamente a esse talhante que o faziamos. Poderá mesmo ter acontecido ter comido alguma do Reco que lhe, foi mesmo vendido por uma bacatela ( quase foi dado). Nesse ano; mas não fomos só nós que ficamos sem o Governo, o mesmo aconteceu em Sebolido. Foi enterrado e, foi calculado que pesaria por volta de doze arrobas. Verio a calhar pois nesse dia chegou uma Caravana  de Ciganos, souberem que o tinham enterrado, não perderam tempo: foram lá desinterraram-no e houve festa rija, durante uns tantos dias seguidos os três dias que aqui estiverem que era o que a lei lhes permitia.
Ao que se saiba não morreu ninguém. Ainda cá vieram acampar mais vezes e a pergunta não se fazila esperar!!! Então não morreu nenhum?
Faltava uma semana para abater o Reco quandoo ele adoeceu e isso levou a que tivessemos passado um ano de muitissimas dificuldades, mais ainda que foi um fraco ano de pesca de Sável e Lampreia.
Tanta bolota procurei
Para o porquinho comer
Fora aquela que roubei
Para  ver o Reco crescer
Mais erva lhe arranjei
Para ter -mos que o Vender
Segue-se próximos capitulos. O Porco era o Governo da Casa.

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