domingo, 4 de julho de 2010

Horrivel, O Pântano da Morte = Na Ditadura de Salazar = Parte = 1

No meu blogue: marinheirododouro.blogspot.com
Mais Vara= A Cara diz com a Careta

Tarrafal = O Pântano da Morte
Dos suplícios do Tarrafal levou Cândido de Oliveira a ideia de livro.
Escreveu-o, magistral, na denúncia dos seus horrores- é o Pântano da Morte, que, obviamente, só pode ser editado em 1974. Pelo Jornal República. Lá dentro numa das páginas chamou-lhe o «Auschwitz da via reduzida»...
     Criado em Abril de 1936 - na planicie da Achada Grande, de início a «colónia penal» era apenas um rectângulo de 200 por 150 metros quadrados, cercado por arame farpado, os presos vivendo em barracas de lona, assentes  em estrados de madeira, que depressa se rasgavam, apodreciam. A primeira leva de 150 chegou a bordo do vapor Luanda, eram camponeses da revolta dos laticinios da Madeira, operários da Marinha Grande que participaram na greve geral de 18 de Janeiro de 1934, Marinheiros da Organização Revolucionária da Aramada que se rebelaram contra o salazarismo nos navios de guerra Dão, Afonso de Albuquerque e Bartolomeu Dias.
     Sindicalistas, comunistas, anarcas - que o Estado Novo considerava «perniciosos para bem da nação», quase nenhum julgado, sequer com culpa formada.
     Logo no primeiro ano, perderam a vida sete prisioneiros - e´depois até 1945 mais 23. Entre eles, o último secretário - geral da CGT, o ferroviário Mário Castelhano, e o secretário-geral do PCP, Bento Gonçalves torneiro no Arsenal da Marinha.
     Para seu director foi o Capitão Manuel dos Reis - que logo ganhou o cognome de Manuel dos Arames por causa da obsessão de tudo cercar com arame farpado, vociferando: « Vocês aqui não tem direitos. Não se iludam - quem entra aquele portão é para morrer, com jeito salva-se.
Mas vão caír todos como tordos.
com a devida vênia ao Jornal a Bola

2 comentários:

Tintinaine disse...

Confesso que não sou muito bom em História do Portugal Contemporâneo.
Do Tarrafal só conheço aquilo que se disse e escreveu depois do 25 de Abril.
Olhando para o país, tal como o temos hoje, parece-me que precisamos de um novo Tarrafal para lá enfiar uns quantos que por aí andam a fazer das suas!

Piko disse...

Os medos levam os ditadores a criar as prisões de alta segurança, neste caso o Tarrafal, porque querem "matar dois coelhos só com uma cajadada"... Os mais activos e mais perigosos deixam de ser obstáculo, ao mesmo tempo que põem o resto em sentido e sem aqueles que lhes poderiam traçar o AZIMUTE de que fala o Valdemar... Em todas as épocas houve sempre quem não suportou injustiças - há inúmeros filmes que o demonstram! - e há um número ainda maior dos que preferem ir aguentando, AGUENTANDO... a ver no que dá e o normal é que as coisas nunca irão acertar! É por isto mesmo que se convencionou dizer por cá, a propósito de tudo e de nada, que os portugueses são um povo de brandos costumes...
« SÃO UNS AGUENTAS», sem ofensa, claro!
Depois, temos ainda o papel daqueles que se destacaram nas artes e na ciência e aí já vamos encontrar homens com H muito grande, em especial nas letras e nem vou destacar nomes, sobejamente conhecidos!
Ah, mas a seguir não posso deixar de trazer à praça pública o papel traiçoeiro e desprezível da hierarquia da igreja católica ( quem haveria de ser? ) que muitas contas teria que prestar a este povo que nasce enganado, vive enganado e morre enganado!... Tudo isto a propósito do Tarrafal... Há dúvidas?!
PIKó