quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Lição Amorosa = Acordar ao Som do "Cucurru... Cucurru"...


Uma Lindissima Lição de Amor
Fazia tempo que não era acordado  por este canto matutino.
 Levantei-me, dirigei-me à Janela e vi uma rola-macho empoleirada numa Nogueira junto à minha casa. Trouxe-me à memória tempos da minha infância onde por aqui elas habitavam em grande quantidade,  e esse canto "como então" queria dizer que andava à procura de namorada. O apelo foi ouvido, porque, passados um  tempo em vez de uma já eram três.
   Por costume, no fim do almoço e Jantar, há sempre umas migalhas ou resto de arroz que são espalhados de baixo do limoeiro onde costumo  sacudir a toalha, e por vezes aproveitando a distração da minha cara-metade sou eu que o espalho uns greiros de arroz, porque gosto do cenário dos passaros.
     Não se fazem rogados, aproximam-se sem receio e caem sobre o almoço gratuito. Enchem o papo as rolas e os pardais molham o bico na água do balde e o casal  lá voa para o ferro da ramada.
     Começa então o namoro.
     Que coisa linda ver aquilo!
     Ele chega-se para ela e a menina aceita a corte.
    Depois sacode-se todo, espaneja as asas ela... disfarça. 
   O maroto torna-se mais ousado, roça a sua cabecita pela dela e com o bico começa a levantar-lhe as penas do pescoço. Ela não foge: Descem agora novamente a comer mais umas migalhas. Ela apanha  um grão e parece meter-lho no bico. A menina também apanha uns  grãos, bebem mais uma pinguita e voam de novo para o ferro da ramada. Continua a corte, o maroto faz-lhe festinhas com o bico, parece beijá-la.
    Eu observo, interessado sentado na pedra de lousa da minha Janela. Reparo que o namoro daquelas aves tão simpáticas  chega ao ponto de rebuçado.
     Ele atreve-se e elas ajeita-se.
     Fazem amor.
    Que beleza! Que encanto!
    Satisfeitos, espanejam-se e voam não sei para onde. Eu segui-os com o meu olhar enquanto pude até os perder de vista.
Não vou esquecer mais esta lindissima lição de amor.

1 comentário:

Piko disse...

Tens toda a razão Valdemar!
Por incrível que nos pareça, vamos deparar nas aves e em outros animais com atitudes e formas de amor que nos surpreendem, se pensarmos que são autênticos e incapazes de praticar a prostituição ou o proxenetismo, tanto em uso nas sociedades, modernas ou não!...
Parece-nos, que uma boa parte dos humanos passa parte das suas vidas a utilizar o livre arbítrio, optando pelas decisões mais condenáveis e porque será?... Cremos que descobriram, que, copiando certos vícios que já existem na sociedade, irão ter a possibilidade de viver à grande e à francesa e ninguém mais os segura, dificilmente são recicláveis e ficam insensíveis e imunes ao amor dos outros humanos - até gozam com isso - e nem querem saber que as aves e os outros animais conseguem ser mais autênticos que eles no amor que praticam, tendo em vista a continuidade das espécies!
A felicidade anda por aí Valdemar e fazes bem em aproveitá-la!
Um grande abraço!
PIKÓ