domingo, 3 de janeiro de 2010

Batelão da Tragédia = Tragédia parte V


Neste Batelão embarcaram cerca de 150 Homens, e seus bens, 3o Unimog´s

Foi daqui deste batelão, e ao meio do Rio Zambeze que 101 Militares e mais dois Civis perderam a vida. Corpos houve que nunca mais apareceram.

Justa Homenagem = Viver é a coisa mais rica do Mundo = Vibre com a vida

Manuel nu e tremente
Pés gelados do frio chão
Interroga-se tristemente
Porque morreu tanto Irmão
II
Morrem mais de uma centena
Por não alcançarem terra
Salvam-se meia centena
Sabem agora o que é a guerra

Agostinho alertado por um camionista:
Encontrava-se o Agostinho de sentinela, quando um camionista começou a gritar para dar o alerta, a fim de informar os Comandos, da tragédia que tinha ocorrido. Felizmente ainda é vivo este sentinela e vive em Entre-oa-Rios, e talvez seja aquele, que melhor saiba contar como veio a ser determinante esse apoio que permitiu ainda socorrer vários náufragos, aqueles que se encontravam nos bancos de areia do rio e os que ainda se encontravam no Batelão. Isto tornou possivel evitar que o número de vitmas fosse ainda maior.
Quando os sobreviventes chegaram a Mopeia, informaram o Agostinho de que entre os sobreviventes havia dois soldados de Penafiel. Logo correu a confirmar se isso correspondia à verdade, o que veio a confirmar-se. Eram eles o Manuel Cardoso e o Torres.
Sabe o Cardoso que o Torres, antes de embarcar para o Ultramar, era Bombeiro na Corporação de Cête. Mais tarde, após ter regressado, fez várias diligências indo inclusivé aos Bombeiros, mas nunca conseguiu localizá-lo. Quanto ao Agostinho, foi importantissimo na ajuda ao vizinho Cardoso, já que vivem a uns escassos cinco quilómetros. Somos amississimos e mantemos contactos regulares..
Durante aqueles quinze dias, não tinha um tostão. Dirigi-me aos Correios de Meponda e pedi para me fiarem um registo para contactar o meu pai, a fim de lhe pedir que me enviasse dinheiro. Recebi três mil escudos passados uns dezessete dias, mas até aí valeu-me o meu vizinho.
Jamais me esqueci deste acto de solidariedade, e sempre que me encontro com ele, sinto -me confortado por estar junto de uma pessoa que num pequeno gesto, mas que numa situação daquelas, representou e representa um préstimo de valor incalculável.
Combinei com o Valdemar e vamos estar com o Agostinho, para ser registado, o que ele tem para dizer.
Fiquei imensamente satisfeito, quando hoje o Valdemar me deu a novidade que tinha encontrado um testemunho de um Oficial que viajava comigo no Vera Cruz, e que relata com e só a verdade o ocorrido. Melhor ainda porque fiquei a saber que há fotografias documentais do acidente.

«Declarações do Manuel Cardoso»

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