sábado, 9 de janeiro de 2010

Testemunho- Sentinela em Mopeia = IX

Convivendo em Entre-os- Rios


Cardoso e Agostinho recordando



Ouvindo o Relato do Agostinho


         
  TESTEMUNHO DIRECTO PELO PRÓPRIO


Agostinho Rocha Ferreira
Soldado do Batalhão 1935
Companhia de Caçadores 1798
     Colocada em Murrumbala, a cerca de oito quilómetros de Mopeia, local onde ocorreu o naufrágio.
     No dia vinte e um para vinte e dois de Junho entrei de serviço de Sentilena, às 24horas para cumprir o serviço de Sentinela,que seria até as duas da manhã.
     Quando por volta da uma da manhã, apróxima-se um camião e de dentro dele sai um Senhor a gritar Sentinela, Sentinela, respondi e mandei aproximá-lo, perguntei-lhe do que se tratava, tendo ele me respondido que se tinha afundado um Batelão e que teria levado 150 pessoas.
     Chamei o Comandante, que era o Alferes Miliciano, José António Carvalho de Moura ao qual lhe comuniquei o que o Condutor me tiinha transmitido.
    Mandou-me substituir, disse-me para o acompanhar, seguimos imediatamente numa viatura conduzida por um condutor e por mais soldados com destino ao local.
     Chegados junto ao rio em Mopeia, avistamos uma luz verde do Batelão.
      Havendo ali Amadias, juntamente com outro camarada,levamos uma, que nós próprios conduzimos, "por sermos pessoas do rio"
     Quando nos apróximavamos do batelão começamos a ouvir gritos, gritos esses, que não vinham do batelão, mas sim de pessoas que estavam nos bancos de areia (Ilhotes como lhe chamavamos), dissemos para terem calma que nada podiamos fazer, pois não era possivel transportar ninuguem na almadia(piroga).
     Regressamos a terra onde informamnos o Alferes(Comandante) de que havia sobreviventes nos Ilhotes.
     Regressamos de novo na viatura e fomos à Administração deMopeia, pedir-lhes um barco, tinham lá um e estava em terra no que pertencia ao Administrativo,.
 Este barco era de chapa e motor, autorizados, logo o metemos na àgua  e começamos a recolher corpos e sobreviventesdas Ilhotas, e fizemo-lo em várias viagens.
Transportando corpos, e  soldados sobreviventes, chegados a terra eram entregues a outros camaradas que lá se encontravam e os transportavam para o quartel de Mopeia.
     Começamos este trabalho já  Domingo , e neste quando já dia, começamos a recolher os sacos e as malas dos Soldados.
     Andamos nisto durante trinta dias, mas o que mais chocou e ainda continuo continuo a ver essa imagem como se fosse hoje, foi quando de dentro do batelão começaram a tirar os carros e saíam os corpos que tinham ficado presos debaixo das viaturas ou agarrados a ela, já que quando o Batellão se afundou a pique, as viaturas se deslocaram.
     Cadáveres haviam de vários negros muito inchados e já sem cabelo.
     Sendo que o último corpo a aparecer, foi o de um Furriel branco que residia na Cidade da Beira e onde os seus Pais se deslocavam diáriamente, a saberem se o corpo teria aparecido.
  Impressionante por este furriel  o dono da Viola e que serviu no tempo que estiveram em Lourenço Marques para alegrar os Condutores, já que ele tocava e cantava bem.
     Contudo esta viola veio a salvar um outro militar ,que não sabia nadar e que está com ela numa fotografia no conjunto de sobreviventes em outro local.
 A razão pporque lhe salvou a vida,apesar de ele nã saber nadar, foi que ela tinha o pregamoite e fecha cler, o que esta capa não deixou entrar àgua.
     No dia seguinte à tragédia deslocou-se ao local o Governador, desejou boa sorte aos militares que se encontravam  nesta operação de resgate e de transporte, sendo que o sobrevivente Manuel da Rocha Cardoso   nunca o viu e está convencido que ele não se deslocou junto dos sobreviventes.
     Despediu-se o Governador Rebelo de Sousa com as palavras : força militares e muita coragem.
     Este testemunho foi-me feito pelo próprio Agostinho no dia 9 de Janeiro de 2010 no Restaurante em privado junto às Bombas de gaso.lina Galp em Entre-os-Rios- Eja-Penafiel, sua terra Natal.
     Muito ajudou na ocasião o Agostinho ao Manuel Cardoso, aqui de Sebolido Penafiel., que não só lhe cedeu uma das suas fardas, como ainda nos quinze dias que esteve sem dinheiro lhe foi pagando uma cerveja mini, já que a àgua era de fraca qualidade.
     Terá a RTP 1 aquando da queda da Ponte de Entre-os -Rios  exibido fotos do Zambeze, ao que se julga mostrava o Batelão com uma parte de fora de àgua, já que o Cardoso não voltou ao local e apenas sabe o que lhe contaram na ocasião a respeito do batelão, que teria ficado com parte de fora de àgua, o que permitiu que algumas pessoas ali se mantivessem agarradas e tivessem sobrevivido.
 O Agostinho, apenas confirma que como era de noite, apenas avistou a luz verde do mastro do Batelão, só tendo posteriormente regressado ao local, aquando da retirada das viaturas, e na ajuda de recolha de corpos.



     Este Pelotão de Intervênção de que fazia parte o Agostinho, ainda esteve em Vila Cabral, onde pernoitou uma noite, e seguiu para Maniamba Manbeze e ajudou numa emboscada sofrida na Curva do caracol, passando por Metangula, regressando ao Continente em Dezembrto de 1969.

1 comentário:

Anónimo disse...

Este testemunho tem alguns erros ou omissões: onde estava colocado? em Morrumbala, a 8 km de Mopeia?
Agradecia o seu esclarecimento.
António campos