sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A Sereia

QUEM SABE?
          I
Toda em plástico, a piscina.
Mar da altura de um dedinho.
Vai cumprindo a sua sina
Valente marinheirinho.
às ondas forte faz peito
Governando o seu batel,
Desfeito, todo molhado,
Já meio despedaçado,
Um barquinho de papel
       II
Vem o vento e dá-lhe vida,
Salva o papel afogado,
Traz-lhe o geito e a medida
Dum barco todo aprumado.
Vejo homens no convés
Vejo o esforço e a coragem
Levada como bagagem
No coração português
        III
Quem sabe, quem diz,
Se o primeiro barquinho
Que empurras-te, feliz
 Pertencia a um marujinho,
Brincando à beira do mar.
E tu contente ligeiro,
Levemente a empurrar
- como quem está a embalar-
Conseguiste um marinheiro.
         IV
No barquinho do teu sonho
Foce canoa ou falua,
 Naquela noite sem lua,
Em que o mar parecia espelho,
Tal era a cintilação
Dessa luz que de ti vinha,
Transpuseste o Mar Vermelho
À custa do teu remar.
E feliz foste aportar
Na terra da promissão
E nessa hora, bem dura
Foi cumprida a Escritura.

Com a devida vênia  a  Mariana do Moínhho

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